Mas, até aí, mesmo sendo andróide, ele não tinha nenhum poder. Eu decidi por força & resistência
e o moderador inseriu um "porém": ele tem que esperar recarregar uma
cena antes de usar de novo. Durante a história eu gastei outros dos papeizinhos e adicionei um
segundo poder: visão infravermelha, e o narrador colocou seu "porém": ele não pode fazer outra ação enquanto usa a infravisão.
🔶 O JOGO: A
experiênciado jogo foi uma DELÍCIA. Tenho poucas memórias objetivas e mais
memórias sensoriais e emocionais. O medo constante de ser descoberto
pela Corporação, a sensação de o pressão e impotência. Lembro de entrar na
delegacia pra salvar um rebelde que tinha sido
preso injustamente, mas ele pediu pra eu matar ele, porque o objetivo
dele era ser um mártir. Do CEO da Corporação dizendo que confiava em mim
(nessa altura eu já estava 110% do lado dos rebeldes). De entrar em
apartamentos quase desmoronando onde morava a população pobre. De
pessoas que escolhiam alterar o corpo para se parecerem mais inumanas.
De ter que burlar as câmeras de vigilância pra poder sair da Cidade e ir
pras Ruínas das Missões, o único lugar que a Corporação não podia nos
monitorar. De receber ajuda relutante dos párias, de descobrir que eles
ainda mantinham algumas tradições indígenas. De fugir dos pelotões da
Corporação entre as ruínas na escuridão da noite. De bolar um plano pra
hackear a IA da Corporação.
O final foi... um tanto decepcionante. E preciso dizer que foi por culpa de nós jogadores mesmo, não do Moderador. A gente podia ter ousado, arriscado
mais e criado uma cena onde iríamos sei lá invadir, hackear ou explodir
em grande estilo a sede da Corporação. Ou... morrer, se as jogadas com
os papeizinhos dessem errado (a gente tava com a faca e o queijo na mão, esse jogo especificamente fornece ferramentas pra gente moldar a narrativa). Mas nós agimos com muito medo e a
cena final ficou sem graça (tão sem graça que nem lembro). Lembra que eu falei aqui de uma crônica onde a gente perdeu e ainda assim foi memorável? Pois é, agora esse é um exemplo de uma conclusão não-memorável.
Então... a Corporação
não foi atingida e continuou explorando as pessoas. O Moderador nos
pediu então um epílogo pra cada um dos nosso personagens e eu escolhi que Julia foi
se tornando cada vez mais alheio ao mundo, até que finalmente se
desconectou de seu corpo, se tornando uma IA. Mergulhou na Rede e de lá
observava a humanidade, sem interagir.
Imagem 1: eu também não sei
Imagem 2: cena de Ghost in the Shell (1995), dir Mamoru Oshii
Imagem 1: eu também não sei
Imagem 2: cena de Ghost in the Shell (1995), dir Mamoru Oshii
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